Passageira
Acordou angústias. Seus olhos subitamente abriram. Assustada percebeu que era mais tarde que o usual. Maldita insônia, pensou. Faz com que o sono aconteça de forma parcelada. Umas tantas horas logo que adormecia. Outras tantas de olhos abertos no meio da noite. E enfim, um sono tumultuado, nunca descanso. Levantou sustos apressados. Tinha um horário agendado. Mentalmente fez as contas: tempo de preparo do café, tomada da refeição, exercícios diárias. Um tempo para pensar, abrir a casa, sentir saudades, reconhecer que enfim estava vivendo o que sempre temeu: viver só. Sentou cabeça oca. Criatividade antes tão amiga que saltava em tudo o que pensava, andava escassa. Tudo parecia sem necessidades de expor. Como se enfim a vida fizesse sentido por estar vivendo. Algo que sempre considerou sem emoção. Ou sentido. A hora marcada a chamou de supetão. Não tinha tempo para devaneios. Não estava tendo este tempo fazia muitos meses. Ou anos. Ou séculos. Que os tempos faziam uma dança de estranham